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quarta-feira, 27 de junho de 2012

ARTE: Edvard Munch 3


"Madonna"-Munch
Fazendo uma leitura desta obra, percebe-se uma mulher, de olhos fundos, quase fechados que nos permite pensar que o pintor quer chamar à atenção para o êxtase da concepção, o auge do amor, mas também uma dor subjacente.
A mulher é retratada nos seus múltiplos aspectos, um mistério para o homem: uma Mulher que é ao mesmo tempo uma aura de santa, a entrega forçosa da prostituta e o abandono de uma criatura angustiada, infeliz.
No quadro de Munch não há nenhuma separação entre o espiritual e o sensível.
O cristianismo separou a mulher sensual da espiritual. Ou uma mulher era boa, decente, obediente e virtualmente assexuada, ou era má, imoral, indecente e sexual. A virgem Maria e a prostituta Maria Madalena separaram-se.
Que pensamento feliz de Munch! Casar as duas Marias! Nem prostituta, nem virgem, mas algo completamente novo.
A Madonna é chocante, perturbadora e formidável.
Aureolada pela vermelhidão da sensualidade, do erotismo que despe e dispõe todo o corpo da mulher na tela. Podemos quase sentir o olhar fixo daquele bando de serpentes invisíveis escrevendo na cabeça dela. Mas, também podemos sentir, nos seus olhos, a memória de um terror superado: a imagem de uma jovem menina sentada às margens de sua vida de mulher.
Não estariam aqueles olhos impenetráveis, de pálpebras pesadas, também escondendo o sofrimento profundo das duas Marias?

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