arTeira trakkinna

terça-feira, 26 de junho de 2012

Literatura/romance; Quando Nietzcher Chorou



Vale a pena ler


Quando Nietzsche Chorou

Quando Nietzsche Chorou é um romance de língua estrangeira e o primeiro livro do psicoterapeuta e professor Irvin D. Yalom, o qual descreve uma saga inesquecível, envolvente e intrigante, cujos elementos constituintes do texto são a ficção mesclada com a realidade, um drama de amor, que ressalta a fé e a vontade.
O enredo se dá em Viena, no século XIX, tendo como característica subjacente a efervescência intelectual daquele lugar.
Três personagens se destacam no enredo, sem, contudo, negar a importância dos demais. São eles: o brilhante filósofo alemão Frederich Nietszche, Josef Breuer, um dos pais da psicanálise, e o jovem médico Sigmund Freud.
No inicio do romance Nietzscher é apresentado como um ser em desespero, com tendências suicidas, chamando a atenção da insinuante jovem russa Lou Salomé, a qual participava de um triângulo amoroso com ele e Paul Ree, fazendo-a buscar em Josef Breuer, num encontro no Café Sorrento, tratamento para ele, através da psicanálise. A partir daí vai promovendo encontros sistemáticos entre os dois, visando descobrir a origem do problema do filósofo. Isto, sem que ele soubesse da intenção dela, pois esta sabia que Nietszcher não cria em ajudas desinteressadas.
Breuer aceita, com certa relutância, realizar uma terapia experimental, através de conversas, com o então ignorante paciente. Mas, ao empreitar tal tarefa ele descobre que somente ajudaria Nietzcher a curar-se se ele próprio enfrentasse seus próprios dilemas existenciais.
Começa, então, o mergulho de dois importantes e brilhantes homens às profundezas de suas almas e às descobertas de suas obsessões românticas. Nasce ai um intenso pacto e com ele a descoberta da força e poder da amizade.
Algumas questões intrigava Breuer: como tratar alguém que não quer ser tratado? Por que a obstinação em não ser ajudado? Na visão dele, Nietzcher era orgulhoso e obstinado.
As primeiras e intensas observações não geraram acordo possível para o tratamento, mas, uma vez em maior desespero o filósofo rende-se ao fato de ser ouvido por Breuer, embora de forma inconsciente. Assim o psicanalista começou a penetrar na inviolável psique do então paciente.
Entretanto só foi possível esta penetração dado um acordo (pacto já mencionado) de tratamento recíproco.
Breuer poderia tratar a enxaqueca do filósofo desde que deixasse que ele tratasse sua mente.
O psicanalista era muito conhecido e tido como renomado clinico, devido a descoberta da importância da capacidade ouvir os pacientes e quão importante era este ato no tratamento das doenças psíquicas.
Durante muito tempo tratou, através desta terapia, a histeria da bela jovem Bertha, provocando, de forma involuntária, o ciúme de sua esposa Mathilde. Isto o angustiava. Apresentava-se um dos seus primeiros dilemas pessoais: era para isto que havia lutado por tantos anos?
Ele já havia falado com Sigmund Freud sobre um sonho recorrente, tentando entender seu significado, piorando sua situação.
Afastado de Bertha, ele desce ao âmago de sua psique, calcado nas fortes e intrigantes arguições e argumentos de Nietzscher. Sua compreensão começa a se dar a partir da impiedade do filósofo em confrontá-lo, de forma dura e implacável. Especialmente, no que tange a estrutura familiar e a “paternalidade” de suas escolhas. O filósofo leva-o a compreensão de que ele não é responsável pelas escolhas até então realizadas. Ele havia sido moldado pela esposa e os caminhos até o momento presente não foram dados a percorrer por decisão própria, mas por influência de outros, inclusive amigos. Sentiu-se rasgado emocionalmente, enfrentando o torpor que a sociedade havia lhe imposto.
Breuer, clínico, via-se agora sendo tratado por um cruel e implacável médico, “cirurgião” de almas, o qual lhe cortava a mente em busca do mal que o atormentava. Fazendo-o perceber-se como um ser idiossincrático, portanto irrepetível. Era o mestre sendo ensinado pelo aprendiz. O filósofo paciente trata o clínico, levando-o à autoconsciência, orientado pela hipnose proposta por Freud. Conduzindo-o a visão de Bertha em intimidade com outro clínico, fazendo-o perceber a não santidade de seus momentos com ela. Fazendo-o descobrir a não unicidade dos encontros com a moça.
O clínico vive então uma catarse, chegando a sentir-se tão ridículo ao ponto de acordar para a necessidade de tomar as rédeas de sua vida. Estava curado.
Para desespero de Nietzcher Breuer afirmava estar curado. Portanto o pacto estava comprometido e a amizade também.
“Nietzsche, a maior parte do ano doente, acossado por doenças do foro psiquiátrico acompanhadas de graves manifestações somáticas, era um homem deprimido. A atravessar desertos de solidão. Uma solidão altiva, desejada, própria dos fortes.A sua imaginação febril, afetada pelo rompimento com Wagner, ficou fundamente abalada com as notícias da irmã Elizabeth sobre o que Lou fazia correr sobre ele na sociedade. A traição de novo a corroer-lhe as entranhas. Está condenado a viver só com o seu mal. Longe do mundo e dos homens. Voltaria a galgar o alto Engadine de onde administraria, na companhia da sua querida e orgulhosa dor, o vasto e exclusivo império do seu EU, tanto mais robusto quanto mais sofrido( resumo, in, http://www.netsaber.com.br/resumos/ver_resumo_c_2980.html )”.
Passado algum tempo Breuer se dá conta de que a anunciação de sua cura se deu em meio à imensa tristeza do amigo, médico da mente, sentindo a necessidade de voltar a preocupar-se com ele, lembrando que prometera ajudá-lo. Percebeu uma fragilidade no filósofo, que até então tinha sido duro, implacável e que sempre vencia os embates com ele. Partiria por este caminho, a fragilidade, para levá-lo á cura. Por outro lado ele necessitava ver-se não como paciente de Nietszcher, mas como inicialmente se propusera um clínico.
Apercebido que Bertha havia sido a chave de suas angustias, de sua obsessão romântica, levou Nietszcher ao reencontro, no âmago de seu ser, por analogia, ao reencontro com Lou Salomé e como ele, buscou na ciência de Freud o bisturi para dilacerar a alma do filósofo. Foi impiedoso ao deferir-lhe arguições e argumentos, estirpando-lhe seus males mais escondidos, origem das insônias, enxaquecas, angustias, dilaceramento do coração, etc.
Nietszcher, a exemplo do seu agora clínico, o qual se apercebeu que Bertha não vivia em função unicamente dele, chorou, chorou e chorou. Tornara-se humano ao se da conta que a atenção, os desejos, os sentimentos de Lou Salomé não se dirigiam somente a ele. Era agora um homem, nem mal nem bom, apenas um humano.










Bem para quem não gosta de ler e gosta de filme há um boa adaptação cinematográfica que trata do mesmo enredo.
Boa leitura, de preferência num lugar bem aconchegante.
Bom filme, acompanhado de uma bacia de piopcas

Nenhum comentário: