arTeira trakkinna

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Mama África

BOLA NA REDE, MAS IDEIA NA CABEÇA.
BÊNÇÃO MAMA ÁFRICA. O QUE HERDAMOS DE TE?

Crônica Sobre Canção de Ninar

Eu, um Brasileiro morando nos Estados Unidos da América, para ajudar no orçamento, estou fazendo "bico" de babá e estudante.
Ao cuidar de uma das meninas de quem eu "teoricamente" tomo conta, uma vez
cantei "Boi da cara preta" para ela, antes dela dormir.
Ela adorou e essa passou a ser a música que ela sempre pede para eu cantar
ao colocá-la para dormir.
Antes de adotarmos o "boi, boi, boi" como canção de ninar, a canção que cantávamos
(em Inglês) dizia algo como:
/"Boa noite, linda menina, durma bem. /
/Sonhos doces venham para você, /
/Sonhos doces por toda noite". (Que lindo, não é mesmo!?)
Eis que um dia Mary Helen me pergunta o que as palavras, em português, da música "Boi da cara preta" queriam dizer em Inglês:
/"Boi, boi, boi, boi da cara preta, pega essa menina que tem medo de
careta..."/
(???)
Como eu ia explicar para ela e dizer que, na verdade, a música "boi da cara
preta" era uma ameaça, era algo como "dorme logo, senão o boi vem te comer"?
Como explicar que eu estava tentando fazer com que ela dormisse com uma
música que incita um bovino de cor negra a pegar uma cândida menininha?
Claro que menti para ela, mas comecei a pensar em outras canções infantis,
pois não me sentiria bem ameaçando aquela menina com um temível boi toda
noite...
Que tal! /"nana neném que a cuca vai pegar..."?/ Caramba!...
Outra ameaça! Agora com um ser ainda mais maligno que um boi preto!
Depois de uma frustrante busca por uma canção infantil do folclore
brasileiro
que fosse positiva, e de uma longa reflexão, eu descobri toda a origem dos
problemas do Brasil.
O problema do Brasil é que a sua população em geral tem uma auto-estima
muito
baixa. Isso faz com que os brasileiros se sintam sempre inferiores e
ameaçados,
passivos o suficiente para aceitar qualquer tipo de extorsão e exploração,
seja interna ou externa.
Por que isso acontece? Trauma de infância!!!! Trauma causado pelas canções
da infância!!!!
Vou explicar: nós somos ameaçados, amedrontados e encaramos tragédias desde
o berço! Por isso levamos tanta porrada da vida e ficamos quietos.
Exemplificarei minha tese:

Atirei o pau no gato-to-to
Mas o gato-to-to não morreu-reu-reu /
Dona Chica-ca-ca admirou-se-se
Do berrô, do berrô que o gato deu
Miaaau!

Para começar, esse clássico do cancioneiro infantil é uma demonstração clara
de falta de respeito aos animais (pobre gato) e crueldade. Por que atirar o pau no gato, essa criatura tão indefesa? E para acentuar a gravidade,
ainda relata o sadismo dessa mulher sob a alcunha de " D.Chica ". Uma vergonha!

Eu sou pobre, pobre, pobre,
De marré, marré, marré.
Eu sou pobre, pobre, pobre,
De marré de si.
Eu sou rica, rica, rica,
De marré, marré, marré.
Eu sou rica, rica, rica,
De marré de si./

Colocar a realidade tão vergonhosa da desigualdade social em versos tão doces!!!
É impossível não lembrar do seu amiguinho rico da infância comum, carrinho fabuloso de controle remoto, e você brincando com seu carrinho de
plástico... Fala sério!!!

Vem cá, Bitu! vem cá, Bitu!
Vem cá, meu bem, vem cá!
Não vou lá! Não vou lá, Não vou lá!
Tenho medo de apanhar./

Quem foi o adulto sádico que criou essa rima? No mínimo ele espancava o pobre
Bitú.....

Marcha soldado, cabeça de papel!
Quem não marchar direito,
Vai preso pro quartel./

De novo, ameaça! Ou obedece ou você se estrepa. Não é à toa que o brasileiro
admite tudo de cabeça baixa....

A canoa virou,
Quem deixou ela virar,
Foi por causa da (nome de pessoa)
Que não soube remar./

Ao invés de incentivar o trabalho de equipe e o apoio mútuo, as crianças
brasileiras são ensinadas a dedurar e a condenar um semelhante. Bate nele,
mãe!

Samba-lelê tá doente,
Tá com a cabeça quebrada.
Samba-lelê precisava
É de umas boas palmadas./

A pessoa, conhecida como Samba-lelê, encontra-se com a saúde debilitada e
necessita de cuidados médicos. Mas, ao invés de compaixão e apoio, a música
diz que ela precisa de palmadas! Acho que o Samba-lelê deve ser irmão do
Bitú......!!!

O anel que tu me deste
Era vidro e se quebrou.
O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou.
Como crescer e acreditar no amor e no casamento depois de ouvir essa
passagem
anos a fio?

O cravo brigou com a rosa
Debaixo de uma sacada;
O cravo saiu ferido
E a rosa despedaçada.
O cravo ficou doente,
A rosa foi visitar;
O cravo teve um desmaio,
A rosa pôs-se a chorar. /

Desgraça, desgraça, desgraça! E ainda incita a violência conjugal (releia a primeira estrofe). Precisamos lutar contra essas lembranças, meus amigos!

Nossos filhos merecem um futuro melhor!
Ah!!! você esqueceu desta:

Passa, passa três vezes... a última que ficar tem mulher e filhos que não pode sustentar.rsssssssss...(aí começa o desemprego)

http://dacosta.multiply.com/journal/item/18/18

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