E FALARÁS EM MIM
HÁS DE FALAR EM MIM TANTAS VEZES AINDA!...
CONFIDÊNCIAS DE AMOR, ALGUM DIA TROCANDO,
TU DIRÁS, A SORRIR, TUA DOR OCULTANDO:
“A VIDA DEU-ME TUDO DO AMOR! UMA BOCA
EM QUE EXTRAVASEI TODA MINHA ÂNSIA LOUCA,
UM CORPO QUE AQUECEU MEU CORPO GELADO
UNS OLHOS QUE BEBERAM MEU PRANTO MOLHADO...”
E HÁS DE PRONUCIAR O MEU NOME BAIXINHO:
“ELA ERA MEU SONHO! ELA ERA MEU NINHO.
UM POEMA DE AMOR, A BENDITA DOÇURA,
A PRIMAVERA EM FLOR TRESCALANDO TERNURA!
UM AMOR MUITO GRANDE E MINHA ALMA TOMOU
E PRA JUNTO DO SEU O MEU SONHO LEVOU
EM SEUS BRAÇOS VOEI ÀS MAIS ALTAS PARAGENS
SUA MÃO INDICOU-ME TÃO LINDAS PAISAGENS,
EMBALANDO-ME O SONO A SUA VOZ PERTURBADA,
SOMENTE PARA MIM EM CANTO TRANSFORMADA,
QUE MIL VEZES SONHEI, MUITO EMBORA DESPERTO
SÓ DE VER EM SEUS LÁBIOS UM SORRISO ENTREABERTO
COMO QUE A DIZER: DEIXA QUE EU VIVA
ETERNAMENTE ASSIM, DOS TEUS OLHOS CATIVA!”
HÁS DE FALAR DE MIM, UM DIA INTERPELADO
SOBRE A TUA VIDA O MAIS BELO PECADO
PENSANDO: FOI TALVÉS O ÚNICO QUE FIZ
CUJA CULPA ME FEZ TANTO TEMPO FELIZ
“ERA TÃO AMOROSA A MULHER QUE TRAZIA
ENTRE AS MÃOS ENCANTADAS MINHA ALMA VAZIA
QUE NÃO SENTIU SEQUER A TRAIÇÃO MALVADA
DE UMA FRASE AO ACASO EM MURMÚRIO DITADA!
E SÓ PORQUE AMAVA SINTO QUE PEQUEI
AO ROUBAR DE SUA BOCA OS BEIJOS QUE ROUBEI!...
ELA ME AMAVA TANTO, ELA ME QUIS SOMENTE.
E MIL VEZES DIRÁS TUA BOCA FREMENTE:
O DESTINO ARRASTOU-ME, INCONSCIENTE VIM,
AQUI FIQUEI SEM ELA, E A DEIXEI SEM MIM!
YEDA JUCÁ
AGOSTO/1947
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