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Reflexões éticas e filosóficas sobre a educação escolar
Reflexões éticas e filosóficas sobre a educação escolar (ALVORI AHLERT )
Ana Lúcia de Souza Silva
Norma Suely de Souza Motta
O texto de Ahlert, Reflexões éticas e filosóficas sobre a educação escolar, nos remete, primeiramente, a idéia de que a escola brasileira, a despeito de todas as mudanças que vêem sendo implementadas no nível de sistema, em função da LDBN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 9.394, de 20 de dezembro de 1996), continua sendo vertical, reproduzindo o modelo de sociedade que impõe diferenciação social em função do modelo econômico atual. Na base da educação, espremidos pelos demais seguimentos que compõem a escola encontram-se os alunos, esmagados na continuidade e aprofundamento da assimetria entre os grupos.
O MEC determina as diretrizes a serem referendadas pelos estados e municípios, que por sua vez determinam às escolas e estas determinam um conjunto de regras para serem seguidas pelos alunos.
Entretanto o texto nos convida a percepção de que a escola necessita encontrar o caminho para a humanização, colocando o homem como ser integrante da natureza. Para tanto necessita exercitar o pensamento, numa perspectiva inter, intra e multidisciplinar.
Ao longo da história da civilização temos vivido em Eras. Do teocentrismo ( Deus como centro do universo) a Era atual, e a das TICS ( tecnologias da Informação e das Comunicações) a escola tem sido palco de disseminação da ideologia subjacente ao modelo econômico vigente, reproduzindo essa racionalidade econômica. No modelo antropocêntrico não foi diferente. O homem passou a ser o centro de tudo, mas esse se perdeu em si mesmo. É óbvio que o referido paradigma de sociedade, assim como os outros, teve seus aspectos positivos. Nesse, principalmente, o avanço da ciência, a busca por soluções para melhorar a saúde do homem, o conhecimento, os modos de vida. Entretanto, dialeticamente, esse modelo também trouxe desastrosas conseqüências como, por exemplo, o homem ter se perdido em si mesmo, perdendo a essência do ser parte de.
Apesar de estarmos em plena efervescência midiática, ainda mantemos os pés nos outros paradigmas, até porque um modelo nasce da ruptura do outro. Daí porque sobrevivem os resquícios.
Com base no texto de Ahlert, podemos supor que os jovens de hoje, da era das TICS, são frutos de pais antropocêntricos. Os educadores que estão nas salas de aula educam pela repetição do padrão em que foram educados. Ou, ainda, conforme fala o autor, esses jovens nasceram no período industrial, mas seu momento de produção econômica é tecnológico e de informação.
Daí porque se faz necessário um modelo de educação que coloque o homem como um ser holístico, portanto atuante, pensante, e por ai em diante.
Nesse sentido o autor convida a pensarmos a escola, na essência, voltada para a realidade em que o homem está inserido, embora apontando para uma perspectiva global, atendendo ainda a racionalização econômica, ou seja, o modelo de economia globalizado.
Pensar a escola de maneira holística é considerar o aluno como sujeito de um todo. O aluno ao se deparar com a geografia, por exemplo, precisa assimilá-la num tempo e num espaço, num viés histórico, social, econômico, lingüístico, de natureza lógica e etc. Como operacionalizar isso se não for pelo caminho do pensar? É sobre isso que o autor fala. É preciso pensar a realidade para além de uma relação local.
Para tento será necessário fomentar aprendizagens com base epistemológicas fundamentadas no pensar.
É com base nessa premissa que o autor nos remete aos documentos da UNESCO, como resultado do Relatório Jacqes Delors Educação: um tesouro a descobrir, enfatizando a educação fundamentada em quatro pilares.
É preciso Aprender a conhecer o conhecer, ou seja, ter autonomia para buscar aprofundar e consolidar conhecimentos através do acesso às informações de todas as formas e nas variadas fontes.
Também é necessário aprender a fazer, usar o conhecimento adquirido para resolver seus próprios problemas, habilidades básicas e específicas de gestão da própria sobrevivência em todos os campos assim como quanto à empregabilidade e sustentabilidade.
Orientar o ser sujeito significa ajudar o educando a desenvolver a identidade e a auto-estima, autoconfiança, auto-conceito, autodeterminação, ou seja, aprender a ser. Ter competência pessoal.
Por fim, Aprender a conviver, que significa desenvolver as relações interpessoais e comunitárias, relações de cidadania, de urbanidade, de solidariedade, de construção coletiva, de ação comunicativa, de conhecer e reconhecer o outro de forma comunicativa.
Dessa forma, ou seja, tendo como premissa a educação centrada nos quatro pilares, visualiza-se um modelo de educação centrado nas reflexões éticas e nos valores. Pensando a ética como um conceito mais universal, que norteia a sociedade como um todo e os valores mais comprometidos com questões como cultura, por exemplo. Assim sendo, o que é valor moral positivo para um determinado grupo social pode não ser para outro. Pensamos, portanto, que é necessário fomentar um modelo de educação a partir de uma reflexão também filosófica. Esses são os dois chamados do autor para entendermos as demandas educacionais hoje. Aos educadores cabe a tarefa de fazer os alunos refletirem, via pensamento instigado, a realidade que os cerca, em todas as áreas da vida, tendo como princípio norteador as questões éticas, como por exemplo, a ética subjacente aos mandamentos postos na bíblia, os quais se constituem um dos primeiros tratados éticos da humanidade, que independentemente de professar fé aponta para condições coerentes de modo de vida em sociedade.
O autor, em suas considerações sobre Reflexões éticas e filosóficas sobre a educação escolar, acaba, por assim dizer, nos remetendo a uma melhor compreensão do que seja uma educação realmente inclusiva.
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