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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

E agora Maria: Resumo do curta-metragem Vida Maria

Resumo do filme: “Vida de Maria”.
VIDA MARIA. Direção Marcio Ramos. 3º Prêmio Ceará de Cinema e Vídeo, Trio Filmes, VIACG. DVD (8 min. e 34 seg), 2006.


O curta- metragem Vida Maria (2006) apresenta como personagem principal uma menina, Maria José, aparentando está na idade da pré-escola, e sua trajetória de vida como menina-mulher que vive no sertão nordestino. A primeira cena trás Maria escrevendo seu nome e a mãe reclamando. Mandando-a trabalhar lá fora. Deixando claro que ela está perdendo tempo com esta atividade. Depois o curta vai se desenvolvendo à medida que a menina vai crescendo, sempre trabalhando, até atingir a mocidade, casar-se e ter filhos. Sua face marcada por rugas se contrapõe a sua idade cronológica em face da dureza do trabalho a que se submete diariamente, pois mesmo com a aparência muito envelhecida ela gera uma menina, a qual reproduzirá sua própria história de vida e a vida de muitas mulheres anônimas, assinaladas como Marias, que vivem histórias similares.
Todas as mulheres analfabetas ou analfabetas funcionais que povoam o cenário rural do Nordeste, ou mesmo de outras regiões pobres e longínquas e que são, desde a tenra idade, criadas para o casamento, a procriação e a labuta são contempladas no curta-metragem em análise. Maria José carrega consigo essa herança cultural e será ela também agente transmissora desta cultura pela sua subjetividade ou identidade social. A qual sinaliza que as crianças precisam ajudar na labuta diária, perdendo o direito de estudar e de brincar.
O crescimento da menina vai sendo marcado num compasso de cenas que começa com ela escrevendo e a mãe dizendo que ela está perdendo tempo em desenhar o nome e que deve ir para fora trabalhar, sempre em situação de dureza, reeditando a vida da mãe, de suas antepassadas e a sua própria com sua filha. Mostrando assim a reprodução da ideologia subjacente à vida de muitas mulheres pobres desse país, em especial as rurais.
O filme tem seu ponto forte no folhear das páginas do caderno, em principio de Maria, que folha a folha vai trazendo nomes de tantas outras meninas-mulheres, nome muito comum no Nordeste, que tiveram suas infâncias ceifadas por esta cultura e que só poderá ter um fim se pudermos estancar essa realidade com políticas públicas de educação, eficientes e eficazes. Ações não pontuais, mas de erradicação do analfabetismo e com geração de oportunidades para todos e todas. Do campo ou da cidade. De qualquer cor, raça, credo, orientação sexual, poder econômico etc.

Ana Lúcia de Souza Silva

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